terça-feira, 30 de agosto de 2011

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Os Festivais do Circuito Zimba Pará


Pólo 1: *Fest Rimbó (Santarém Novo)


Pólo 2: Festival de Carimbó de Maiandeua;


Pólo 3: *Carimolhado (Cipoteua) e *Zimbarimbó (Marapanim), *Folclorimbó (Curuçá)


Pólo 5: *Pau & Corda do Carimbó (Belém), Festival de Carimbó de Sta. Bárbara, Festival de Carimbó de Ananindeua ;


Pólo 6: Festival de Carimbó de Soure;


Culminância: I Festival de Carimbó do Pará (Belém)

* Eventos já existentes, seria estabelecida  parceria com o Circuito.

O Circuito Zimba Pará

O Circuito ZIMBA PARÁ tem como principal objetivo o reconhecimento, a valorização e a difusão de toda a beleza, diversidade e originalidade do Carimbó, dando visibilidade aos mestres tradicionais e estimulando os jovens músicos e dançarinos que são a garantia da continuidade e renovação do gênero, contribuindo para o reconhecimento e fortalecimento de nossa identidade cultural, estimulando a troca de informações e experiências entre músicos, dançarinos, pesquisadores e produtores culturais, incentivando a participação das novas gerações nas tradições populares, provocando articulações coletivas em prol de políticas públicas específicas para a cultura popular tradicional.


Território do Circuito


Pólo 1: Santarém Novo, Pirabas, Salinas, Quatipurú, Primavera, Nova Timboteua, Capanema, Peixe-Boi;

Pólo 2: Maracanã, Magalhães Barata, Igarapé-Açu, S. Francisco do Pará;


Pólo 3: Marapanim, Curuçá, Terra Alta, São João da Ponta, Castanhal;

Pólo 4: Colares, Vigia, Sto. Antônio do Tauá, São Caetano de Odivelas;

Pólo 5: Belém, Ananindeua, Marituba, Sta. Bárbara;
 

Pólo 6: Marajó (Soure, Salvaterra, Cachoeira do Arari, Ponta de Pedras)

A Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro


O Carimbó no tempo dos antigos...

“Tem gente que diz que faz uns 100 anos e eu digo que tem mais, porque quando minha vó nasceu o carimbó já existia. E então ele tem mais de 200 anos. A minha vó morreu com 86 anos. Veja lá, eu já tô com 70 anos. Não tem  mais de 200?”
(Depoimento de Mestre Celé, da Irmandade de Carimbó de S. Benedito, Santarém Novo)
O Carimbó é a música e a dança tradicional paraense por excelência, cuja manifestação ocorre há mais de dois séculos em quase todas as regiões do Estado. Junção caprichosa do pé batido indígena com o rebolado africano, preservado nas comunidades pela oralidade dos mestres populares, em sua maioria pescadores e lavradores, o Carimbó é um gênero que sintetiza a capacidade criativa, a força e a beleza do povo da Amazônia. Afirmamos mesmo que o Carimbó é parte essencial da alma paraense e amazônida, um componente fundamental da identidade cultural brasileira.
Suas raízes, segundo historiadores e cronistas, estão ligadas à cultura indígena e negra da Amazônia desde o século 18. O mais antigo registro escrito sobre o Carimbó foi feito pelo jesuíta Frei João Daniel, em 1767, onde ele descrevia a música e dança executadas pelos índios Tupinambás com um tambor feito de tronco de árvore escavado recoberto com pele de animal (por isso o nome curi - m’ ou madeira ôca) que era tocado deitado no chão com o batedor sentado em cima e usando as mãos como se fossem as baquetas, forma tradicional que permanece até hoje. Com o tempo o nome do tambor acabou virando o nome do ritmo e da dança. Hoje em muitas comunidades ainda se chama esse tambor de curimbó, seu nome original. Outra denominação antiga era “zimba”, palavra de origem africana que significa “festa”, usada até hoje em muitos lugares da região do Salgado.
 Na década de 30 o poeta e folclorista Bruno de Menezes identificava três vertentes do ritmo, presentes em áreas distintas: carimbó pastoril (Marajó); carimbó rural ou agrícola (Baixo Amazonas: Santarém, Óbidos e Alenquer); e carimbó praieiro, da zona atlântica do Pará (Salgado).
 Tradição, ancestralidade, memória e identidade que atravessou os séculos unicamente pelo esforço e cuidado de nossos mestres e mestras, responsáveis por sua transmissão para as novas gerações, o Carimbó é cultura viva do povo da Amazônia que resiste ao tempo e ao preconceito. Por isso é Patrimônio Cultural Brasileiro, com certeza!

Como nasceu a Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro”

“O Carimbó não morreu, está de volta outra vez,
O Carimbó nunca morre, quem canta o Carimbó sou eu...”
(trecho de música composta por Mestre Verequete, em Belém)
Foi na pequena cidade de Santarém Novo, na antiga região do Salgado, que nasceu a idéia de registrar o Carimbó como Patrimônio Imaterial do Brasil. Isso aconteceu em dezembro de 2005 a partir do diálogo estabelecido entre a Irmandade de Carimbó de São Benedito, centenária organização cultural da comunidade, e o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), durante o 4º FEST RIMBÓ – Festival de Carimbó de Santarém Novo, evento que desde 2002 vinha promovendo a valorização do Carimbó na região do nordeste paraense.
Foi nesse espaço que o IPHAN apresentou à Irmandade e aos grupos presentes o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial, falando sobre o processo de registro e abrindo assim a possibilidade de tornar o Carimbó patrimônio imaterial da cultura brasileira, a exemplo do Samba de Roda da Bahia e do Jongo do Sudeste. Assumindo essa proposta, a Irmandade os grupos de carimbó reunidos dão início à mobilização para viabilizar esse registro, o que levou à organização da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” nesse mesmo festival em dezembro de 2006, e à formalização do pedido de registro junto ao IPHAN em fevereiro de 2008.
O pedido oficial de registro foi articulado pela Irmandade de Carimbó de São Benedito de Santarém Novo e subscrito também pelas associações culturais Raízes da Terra, Japiim e Uirapuru, estas três do município de Marapanim. Em janeiro de 2009, após a aprovação desse pedido, o IPHAN Regional (PA/AP) deu início ao Inventário de Referências Culturais do Carimbó, uma ampla pesquisa que irá levantar todas as informações necessárias ao registro como patrimônio imaterial. O inventário está sendo feito em várias regiões do Pará onde o Carimbó existe como referência cultural profunda e verdadeira, envolvendo dezenas de municípios.
Enquanto a pesquisa acontece, a Campanha segue realizando diversas atividades como seminários, oficinas, encontros de mestres, festivais e mostras regionais de carimbó, caminhadas e cortejos culturais, rodas de Carimbó e outras ações em todo o território nacional, buscando mobilizar a sociedade e tecer alianças com comunidades tradicionais, movimentos culturais, instituições públicas, ong’s e todos que reconhecem a importância da cultura de nosso povo.

Por que organizar uma campanha pelo registro do Carimbó?

“Vamos levar  nossa cultura, mostrar para o mundo inteiro
Carimbó é paraense, patrimônio brasileiro...”
(trecho de música composta por Mestre Rildo, da Vila de Araquaim, Curuçá)
A Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” é uma iniciativa que busca sensibilizar e mobilizar a sociedade em torno da valorização e do reconhecimento do Carimbó e de suas tradições como parte importante da cultura de nosso país.
Para nós, o registro do Carimbó como bem cultural de natureza imaterial significa um importante passo para garantir sua preservação e seu reconhecimento como patrimônio de nossa cultura, elemento essencial e definidor de nossa identidade. O registro se faz necessário diante do acelerado processo de desagregação social e homogeneização cultural que atinge a região amazônica, onde as culturas nativas e tradicionais vem sendo velozmente atropeladas pelos produtos culturais da modernidade capitalista, o que ameaça a diversidade e as identidades próprias dos povos desta região.
Registrar o Carimbó é um processo que exige uma ampla mobilização da sociedade, das instituições públicas e dos atores sociais que estão diretamente envolvidos na manutenção desta manifestação. Por ser um bem cultural presente em diversas localidades, em diferentes contextos, com múltiplos significados, acreditamos que toda essa diversidade deve também estar representada no acompanhamento desse processo, participando efetivamente das discussões, contribuindo no trabalho de pesquisa do inventário, articulando alianças e elaborando propostas em sintonia com as necessidades dos grupos e comunidades carimbozeiras.
Nesse sentido, a organização da Campanha “Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro” vem cumprir o objetivo de integrar os segmentos sociais e culturais ligados ao Carimbó, proporcionando a todos um espaço de cooperação, reflexão e ação coletiva em prol do reconhecimento e valorização dessa tradição cultural popular.
Hoje a campanha é coordenada pela Irmandade de Carimbó de São Benedito e envolve diversos grupos, entidades e movimentos culturais de vários municípios paraenses, contando com o apoio do Ministério da Cultura, IPHAN, do Governo do Estado através da SECULT, SEDUC, Fundação Curro Velho, IAP, do SESC-PA e outras instituições. A Campanha também mantém alianças com a Ação Griô Nacional e a Rede de Culturas Populares.

Como fazer para participar da Campanha?

 “Se eu soubesse que tu vinha, eu fazia o dia maior
Dava um nó na fita verde pra prender o raio de sol... ”
(trecho de música composta por Mestre Lucindo, de Marapanim)
                Qualquer pessoa pode participar desta iniciativa, independente de fazer parte ou não de algum grupo ou entidade. A campanha está sendo organizada em vários municípios através de comissões locais que reúnem os(as) mestres(as) e grupos de Carimbó das comunidades, as instituições culturais, produtores culturais, educadores, enfim, todos os que desejam fortalecer nossa tradição. Essas Comissões Municipais se formam geralmente nos Encontros de Articulação promovidos pela Campanha na própria comunidade, tendo a tarefa de coordenar as atividades em nível local, com autonomia e co-responsabilidade, e assim vai sendo tecida nossa rede cultural e popular. Essas comissões também acompanham a realização do inventário em suas localidades. Hoje existem comissões organizadas nas regiões do Salgado, Bragantina, Marajó e Belém.
                Além disso, a coordenação da Campanha promove encontros periódicos na Capital, reunindo representantes das Comissões Municipais, parceiros e simpatizantes interessados em contribuir com nosso movimento, sendo abertos à participação de novos aliados.
                Outra forma de participar é promovendo algum tipo de atividade cultural, lúdica, educativa, relacionado ao carimbó em seu bairro, comunidade, escola, etc. É só entrar em contato com nossa coordenação para saber mais a respeito da Campanha e propor parcerias. A difusão de informações sobre o carimbó e as ações da campanha via internet e outros meios de comunicação é outra boa forma de participar. No Pará e em outros estados brasileiros já temos o apoio de diversos sites, redes, revistas, jornais e rádios, entre outros veículos de informação, organizados por grupos e pessoas aliadas de nossa causa.
Para facilitar a comunicação, a Campanha mantém na internet um blog com as notícias de suas diversas atividades, além de lista de emails, comunidade no Orkut, canal no You Tube e outras ferramentas virtuais. Nas comunidades existem iniciativas de criação de programas em rádios comunitárias, informativos impressos, pinturas murais entre outras experiências.
Todo o trabalho da Campanha é feito de forma voluntária e auto-organizada.